quarta-feira, 18 de junho de 2014




PARA SE LIVRAR DA DOR É PRECISO ACEITÁ-LA

O crescimento é doloroso porque você tem evitado muitas dores na sua vida. Evitando-as você não as destrói; elas vão se acumulando. Você continua engolindo as suas dores e elas permanecem no seu organismo.

É por isso que o crescimento é doloroso; quando começa a crescer, quando decide crescer, você tem que encarar todas as dores que reprimiu. Não pode simplesmente contorná-las.

Você foi criado da maneira errada. Infelizmente, até hoje, nunca existiu uma sociedade neste planeta que não tenha reprimido a dor. Todas as sociedades dependem da repressão. Elas reprimem duas coisas: uma é a dor, a outra é o prazer.

E reprimem o prazer também por causa da dor. O raciocínio delas é que, se você não for muito feliz, nunca se sentirá muito infeliz; se uma grande alegria for destruída você nunca viverá numa dor profunda. Para evitar a dor, elas evitam o prazer. Para evitar a morte, elas evitam a vida.

E essa lógica tem uma razão de ser. As duas coisas crescem juntas; se quer ter uma vida de êxtase, você tem que aceitar muitas agonias. Se quer os picos do Himalaia, você tem que ter também os vales.

(...)
A dor e o prazer são partes intrínsecas da vida. As pessoas têm tanto medo da dor que elas a reprimem, evitam qualquer situação que lhes traga dor; vivem esquivando-se dela. E acabam chegando à conclusão de que, se querem evitar a dor elas têm de evitar o prazer também.

(...)
É por isso que o crescimento é doloroso. Você precisa olhar de frente todas essas dores que sempre evitou. Isso dói. Você precisa enfrentar todas essas feridas que, de algum modo, conseguiu ignorar.

Mas quanto mais fundo mergulhar nas suas dores, maior será a sua capacidade de mergulhar no prazer. Se você conseguir chegar ao limite da dor, será capaz de tocar o céu.

(...)
Para se livrar da dor, é preciso aceitá-la, inevitável e naturalmente. Dor é dor — um fato simples e doloroso. O sofrimento, porém, é apenas e sempre a recusa da dor, a reclamação de que a vida não deveria ser dolorosa. Trata-se de uma rejeição de um fato, a negação da vida e da natureza das coisas.

A morte é a mente que se preocupa com o morrer. Se não há medo da morte quem está ali para morrer?

O homem é a única criatura com conhecimento da morte e da sua risada. O milagre é que por isso ele pode até fazer da morte algo novo: pode morrer dando risada! E, se você pode morrer dando risada, só assim dará uma prova de que deve viver dando risada.

A morte é a afirmação final de toda a sua vida — a conclusão, o comentário final. O modo como viveu se revelará por meio da sua morte, pelo modo como você morrer.

Você consegue morrer dando risada? Então é porque é uma pessoa adulta. Se morrer chorando, soluçando, se agarrando à vida, então você é ma criança. Você não cresceu, é imaturo. Se morrer chorando, soluçando, se apegando à vida, isso simplesmente mostra que você está evitando a morte e evitou a vida também, com todas as suas dores.

Osho, em "A Essência do Amor"

Close Your Eyes - Michael Bublé (Tradução)

sexta-feira, 13 de junho de 2014

QUADRAS AO SANTO ANTÓNIO


Não precisa de altar
O nosso Santo Antoninho
No coração pode ficar
Fazer dele o seu cantinho.

Às moças casamenteiras
Recomendo uma oração
Peçam com boas maneiras
O Santo nunca diz não.

Leva o arco e o balão
Salta depois a fogueira
Nos velhos tempos d'então
Era assim desta maneira.

Um manjerico com quadra
Faz parte da tradição
A minha ainda se guarda
Como boa recordação.

Com o Menino ao seu colo
Se apresenta Santo António
Porque setrá? Nunca a solo?
Talvez por temor ao Demónio.

Oh, manjerico bem cheiroso
Pelo regar e por ao luar
Dá-lhe um rapaz bem jeitoso
Para com ela se casar.

Santo António de Lisboa?
São dizeres sem maneiras
Inventos assim à toa
Ele está em Oeiras.

Na Marcha do Stº.António
Vou cantar uma trova
Afastarei p'ra longe o Demónio
Criando uma alma nova.

Santo António milagreiro
Meu rico e bom santinho
Aumenta o meu mealheiro
Eu que sou tão pobrezinho

Vou comprar um manjerico
Ao meu amor o irei dar
E à noite no bailarico
Faremos um lindo par.

Santo António dos milagres
E também casamenteiro
Diz-me que novas nos trazes
Neste dia tão soalheiro?

De tanta coisa boa
Que a vida nos quis dar
Stº. António de Lisboa
Tudo vem abençoar.

Na quadra de 4 versos
Uma queria compor
Renegar males diversos
Pensando só no amor.

Fazem favor sejam felizes
Não o peço por caridade
Lembrai que somos petizes
De novo perla idade.

Santo António e o Menino
Que lindos eles são
Jesus num desatino
O frade esquece o sermão.

Alegria não paga imposto
Só nos faltava mais esta
Quero tudo bem disposto
Contentes na nossa festa. 


*** Publicada por Poeta Todos os Dias ***

terça-feira, 10 de junho de 2014


"Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas
não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a flor de espiga que desfias,
a água que de súbito
jorra na tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
por vezes com os olhos
cansados de terem visto
a terra que não muda,
mas quando o teu riso entra
sobe ao céu à minha procura
e abre-me todas
as portas da vida.
(......)
Perto do mar no outono, 
o teu riso deve erguer
a sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero o teu riso como
a flor que eu esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
curvas da ilha,
ri-te deste rapaz
desajeitado que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando os meus passos se ferem,
quando meus passos voltarem,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas o teu riso nunca
porque sem ele morreria."

 Pablo Neruda
"O Teu Riso"

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Wang Leehom feat. Lara fabian - Light of my Life

domingo, 8 de junho de 2014

Imaginei, andei e encontrei
A minha outra parte,
Alma gémea preferida
Deusa na terra nascida,
Amor além da vida
Meu amor além da vida.

Corpo, alma, coração
Instruídos pelo amor
Neste mundo procurava.
Aquele sonho de criança,
Sem perder a esperança
Era você que eu desejava.

Transbordou minha alegria
Ficou marcado o grande dia,
Que nas páginas trocadas desta vida
Eu dei de cara com você
E me apaixonei e me entreguei.
Quantas vidas eu viver
Em todas vou amar você.

Por você é que sou apaixonado assim
Completou o que faltava em mim
Os meus desejos e manias.
Você está em mim, no dia a dia
E até nos sonhos meus
Vivo feliz agradecendo a Deus,
nem sei se eu te merecia.

Eu sou a letra desta canção
Declaração de amor um dia prometida,
E você, a melodia preferida.
Eu, preciso te dizer
Que o meu amor por você...
É amor além da vida!

Rosmari

terça-feira, 3 de junho de 2014

Ofra Haza - You

domingo, 1 de junho de 2014

Em Louvor das Crianças


Se há na terra um reino que nos seja familiar e ao mesmo tempo estranho, fechado nos seus limites e simultaneamente sem fronteiras, esse reino é o da infância. A esse país inocente, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se regressa em momentos privilegiados — a tais regressos se chama, às vezes, poesia. Essa espécie de terra mítica é habitada por seres de uma tão grande formosura que os anjos tiveram neles o seu modelo, e foi às crianças, como todos sabem pelos evangelhos, que foi prometido o Paraíso. 
A sedução das crianças provém, antes de mais, da sua proximidade com os animais — a sua relação com o mundo não é a da utilidade, mas a do prazer. Elas não conhecem ainda os dois grandes inimigos da alma, que são, como disse Saint-Exupéry, o dinheiro e a vaidade. Estas frágeis criaturas, as únicas desde a origem destinadas à imortalidade, são também as mais vulneráveis — elas têm o peito aberto às maravilhas do mundo, mas estão sem defesa para a bestialidade humana que, apesar de tanta tecnologia de ponta, não diminui nem se extingue. 
O sofrimento de uma criança é de uma ordem tão monstruosa que, frequentemente, é usado como argumento para a negação da bondade divina. Não, não há salvação para quem faça sofrer uma criança, que isto se grave indelevelmente nos vossos espíritos. O simples facto de consentirmos que milhões e milhões de crianças padeçam fome, e reguem com as suas lágrimas a terra onde terão ainda de lutar um dia pela justiça e pela liberdade, prova bem que não somos filhos de Deus. 

Eugénio de Andrade, em 'Rosto Precário'

Uma Criança / PE. ZEZINHO

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