quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"O choro secou.
Um outono doce impera com seu aconchego de amor e lucidez, suaves.
E esse abraço aveludado que chegou repentinamente, num calorzinho de cuidados e curas. Não restam mais feridas.
A dor perdeu seu lugar na minha rotina e foi procurar outros rumos.
Tenho novos sonhos e um sono novo e profundo. Suavemente tudo mudou de ritmo e celebrei o tempo de cada novo passo.
À princípio, tive tanta ansiedade, porque tudo parecia um turbilhão, mas de que adianta tentar pular aprendizados?
Se é de poesia que o poeta precisa, vamos a ela e não mais à repetição de uma melancolia eterna e bem aprimorada.
Chuva e sol, calor e frio: eis o equilíbrio da vida.
Se eu nasci com o sorriso mais largo do mundo, não vou entristecer o meu olhar nem anestesiar minha alegria.
O choro secou.
Já era tempo de prestar mais atenção em outras cores, promover como prediletas outras flores e entrar no mar sem medo, furando a onda com respeito e repetindo a cena com entrega e confiança. Nada ficou fragmentado.
Saí inteira e o amor em mim transborda: pele aceitando carícia, olhar brilhando com a menor das delícias.
O toque é novo e a respiração tranqüila.
Às vezes, ainda ofego um pouco, mas quem disse que artista nasceu para sentir pouco?
Importante agora é que o choro secou.
Antes o meu pranto era cego.
Tive que olhar longamente no espelho pra saber o que ainda poderia resgatar de mim.
Não quis nada do que restou, quis o meu sorriso novo, minhas portas abertas e a vontade de saltar novamente no desconhecido.
E hoje eu só choro se for de alegria."


Marla de Queiroz

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