domingo, 22 de março de 2015


A Eternidade

De novo me invade. Quem? 
– A Eternidade. 
É o mar que se vai 
Como o sol que cai.

Alma sentinela, 
Ensina-me o jogo 
Da noite que gela 
E do dia em fogo. 

Das lides humanas, 
Das palmas e vaias, 
Já te desenganas 
E no ar te espraias. 

De outra nenhuma, 
Brasas de cetim, 
O Dever se esfuma 
Sem dizer: enfim. 

Lá não há esperança 
E não há futuro. 
Ciência e paciência, 
Suplício seguro. 

De novo me invade. 
Quem? – A Eternidade. 
É o mar que se vai 
Com o sol que cai.

Arthur Rimbaud

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