quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

 ORAÇÃO DO ANO NOVO

Chegou ao fim.
Acabou.
O ano virou a esquina.
Não volta nunca mais.
Assim como as oportunidades perdidas, os beijos não dados e as palavras não ditas que nele ficaram e nele naufragaram no limbo do passado.
Para deixar saudade. Para deixar arrependimento.
Para deixar alívio.
Para deixar.
O que foi feito, foi feito. O que foi sentido, foi sentido. O que foi vivido, foi vivido.
O que não foi, virou poeira.
E da poeira, virou pretérito.
E do pretérito, virou esquecimento.
Enquanto um ano dá adeus, o outro já nos atropela.
E ele chega sem pedir, ele chega sem permissão, ele chega sem bater na porta.
Ele chega sem que tenhamos tido tempo de engolir o último.
Sem pausa, sem recesso, sem férias.
365 chances velhas são perdidas para que 365 novas sejam ofertadas.
E sabe o que eu espero do ano novo?
Eu não espero nada.
Eu espero muito é de mim mesma.
Eu espero doar sem me preocupar se vou receber.
Eu espero ser para o mundo sem me preocupar se o mundo me será de volta.
Eu espero ser a melhor versão de mim mesma.
Eu espero ser a pessoa que o meu cachorro acha que eu sou.
Eu espero que os meus braços sejam grandes o suficiente para abraçarem as oportunidades que a vida me atirar.
Eu espero ser sábia para conseguir dar valor ao que realmente for de valor e me desligar do que não.
Eu espero ser esponja para o que for amor, luz e calmaria.
Eu espero ser repelente para o que for nebuloso, amargo e baixo.
Eu espero ser cura. Mas também vício.
Eu espero ser santa. Mas também puta.
Eu espero ser céu. Mas também inferno.
Eu espero ser mar. Mas também lava.
Eu espero ser muitas enquanto for só eu mesma.
Eu espero resolver as questões que deixei em aberto.
Eu espero fechar os ciclos de ontem para dar espaço aos de amanhã.
Eu espero deixar o passado passar.
Eu espero fazer as pazes comigo mesma.
Eu espero me deixar carregar pela correnteza da vida.
Eu espero que existam segundas chances.
Mas espero não precisar delas.
Eu espero seguir em frente.
Mas espero saber que o que importa é a direção e não a velocidade.
Eu espero que não esperem.
De mim Por mim.
Eu espero saber esperar.
Dos outros. Pelos outros.
E sabendo esperar, eu espero nada esperar.
Assim eu espero.


Andreia Bonin

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