domingo, 27 de março de 2016

O APEGO É O OPOSTO DO AMOR

Todos nós queremos ser felizes. E gastamos uma enorme quantidade de esforço tentando fazer com que sejamos mesmos felizes. Através do...s séculos, as pessoas têm refletido sobre o dilema de como ser feliz e manter-se feliz. Então, como é que a maioria das pessoas são tão infelizes? Não apenas são extremamente infelizes, como e também fazem as pessoas ao seu redor também infelizes. Muitas pessoas têm uma grande quantidade de dor nas suas vidas, que tentam aliviar da maneira que puderem. Outros, porém, na superfície, pelo menos, sentem-se muito contentes com a sua sorte. A questão da satisfação é muito importante.
Após a sua iluminação, Buda começou a ensinar exatamente a partir de onde estamos. Ele disse, “A vida do jeito que levamos não é satisfatória. Há uma falta interior, um vazio interior, um sentimento interior de falta de sentido que não se pode preencher com coisas ou pessoas. Qual é a causa desta instabilidade inerente, neste sentido inerente de insatisfação que nos corrói?”
Buda ensinou que a razão essencial para essa doença dentro de nós é o nosso apego, a nossa mente cheia de desejos que são baseados na nossa ignorância essencial. Ignorância do quê? Basicamente, a ignorância de compreender a forma como as coisas realmente são. Que pode ser explorada em muitos níveis, mas vamos lidar com isso, em primeiro lugar do ponto de vista de que nós não reconhecemos a impermanência, e nós também não reconhecemos a nossa verdadeira natureza. Portanto, estamos sempre a agarrar-nos a algo externo. Nós não percebemos a nossa interconexão interior, e identificamo-nos sempre com esse sentimento do eu e do outro.
Agora, assim como temos a ideia do eu e do outro, temos, portanto, a ideia de querer adquirir o que é atraente e afastar o que queremos evitar. Então este sentimento de vazio interior tem de ser preenchido, e cedemos ao apego. E é claro que pensamos no nosso delírio de que o nosso apego às coisas e às pessoas é o que nos trará felicidade. Fazemos isso o tempo todo. Estamos apegados às nossas posses, estamos apegados às pessoas que amamos, estamos apegados à nossa posição no mundo, e à nossa carreira e ao que alcançamos. Pensamos que segurando essas coisas e essas pessoas firmemente teremos segurança, e que a segurança nos dará felicidade. Essa é o nosso delírio fundamental, pois é o próprio apego que nos torna inseguros, e a insegurança que nos dá essa sensação de constante mal-estar.
Ninguém nos prende com correntes a esta roda. Nós agarramo-nos a isso, nós é que seguramos com todas as nossas forças. O caminho para sair da roda é apenas deixar ir. Entendes? Essa apreensão, essa mente apegada é a causa do nosso sofrimento, mas estamos muito enganados, porque pensamos que a nossa ganância e nossos desejos e os nossos apegos apontam para as fontes de felicidade. Por mais que neguemos, nós realmente acreditamos que de alguma forma ou de outra, se todos os nossos desejos forem realizados, teremos uma grande felicidade. Mas o facto é que os nossos desejos nunca podem ser todos realizados. Desejos são infinitos. Buda disse que era como beber água salgada, acabamos de obter mais e mais sede.
O que o budismo quer dizer com desapego? Muitas pessoas pensam que a ideia de desprendimento, desapego, ou não- apego é muito fria. Isso é porque elas confundem apego com amor. Mas o apego não é amor verdadeiro, apego é só amor a si mesmo.
“O apego é o oposto do amor.
O apego diz: ‘Eu quero que você me faça feliz.
O amor diz: ‘Eu quero que você seja feliz.”

Texto extraído do livro: “Into The Heart Of Life“, por Jetsunma Tenzin Palmo
In "FONTES DE SABER" da presente edição da Revista Progredir

0 comentários:

Template by:

Free Blog Templates