segunda-feira, 12 de outubro de 2009

PENSAMENTOS SOBRE A DESILUSÃO


A desilusão é um fenômeno exclusivamente humano e pressupõe que nos enganamos a respeito de algo ou alguém que num determinado momento de nossas vidas, imaginávamos ser completamente diferente, do que havíamos idealizado. Quase sempre estamos criando fantasias em nossa mente, dessa forma, bloqueando a nossa consciência, recusando-nos a aceitar a verdade como ela se apresenta. Há um pensamento de “Alexander Pope”, que traduz bem o sentido de uma desilusão: “Feliz do homem que não espera nada, pois nunca terá desilusões”.

Sabemos que vivenciar uma desilusão é passar por uma experiência bastante desagradável, pois denota algo que está sob nossa responsabilidade, que nós mesmos criamos baseado em fatos e expectativas irreais. Quando a fantasia não corresponde ao que esperávamos, sentimos a dor de uma “desilusão” que, no fundo, é a perda do nosso entusiasmo - como se fossemos, literalmente, “cortados” em nossos anseios e expectativas.

Recentemente encontrava-me “encantada” por uma pessoa, pela qual nutria imenso carinho e que no fundo, talvez, ela me recordasse à figura de alguém muito especial que, infelizmente, havia partido desse mundo. Quem sabe, uma “projeção inconsciente”, não saberia definir. Após a desilusão, veio à tona a realidade, ou seja, a pessoa acabou mostrando quem realmente era, ocasionando-me, grande decepção. Lembro-me que foi um processo bastante doloroso, principalmente, o de aceitar que se havia algum culpado, esse culpado era eu mesma e não a pessoa, que provavelmente dentro da sua “imaturidade”, não havia percebido que algo já havia se "quebrado" dentro do relacionamento.

Retrocedendo a fita mental de toda situação, revendo minuciosamente os detalhes de cada coisa por mim investida , percebi tudo o que havia apostado e colocado dentro desse relacionamento amigável: afeto, carinho, compreensão, sinceridade, abertura, disponibilidade , cumplicidade. Mas será que poderia esperar a mesma coisa do outro lado? Hoje tenho absoluta certeza que não e percebo o quanto iludi a mim mesma.

O ponto culminante de toda essa investigação acabou me propiciando grande paz interna, pois havia então compreendido o porquê de toda aquela sensação desagradável, gerada por uma auto-ilusão. Concluo que quando nos conscientizamos de alguma situação desagradável, o resultado acaba tornando-se produtivo, principalmente, quando temos como objetivo o aprendizado, evitando-se dessa forma, a não repetição dos mesmos erros.

Após o ocorrido, veio-me as mãos o seguinte comentário de um livro que abri aleatoriamente: não leve seus pensamentos muito a sério”. Pude então constatar que precisamos aprender a ir alem dos nossos pensamentos, percebendo que ao interpretar a nossa vida e a vida das outras pessoas, ou ainda , ao julgarmos qualquer situação, estamos expressando apenas um ponto de vista entre muitos possíveis.

Finalmente, com isso pude aprender que:

- Não há culpados. A pessoa que se sente desiludida ou enganada é quem acaba atraindo para si mesma esse tipo de situação, como uma forma de aprender algo a respeito.

- Não é salutar imaginar ou fantasiar algo que desconhecemos a respeito de situação ou pessoa.

- Se já é um processo difícil a busca do autoconhecimento, imagine querermos conhecer profundamente a figura do outro.

- Torna-se fundamental praticarmos a arte da observação, antes de nos envolvermos emocionalmente em qualquer situação.

- Não criar expectativas é imprescindível para vivermos no aqui e agora.

As ilusões que acabamos criando servem-nos, de certa maneira, de defesas contra nossas realidades amargas. De um lado podem nos poupar das dores momentâneas, de outro nos tornam prisioneiras da irrealidade. Do livro – “ As dores da Alma” – pelo espírito Hammed, do Autor: Francisco do Espírito Santa Neto - extrai o seguinte comentário sobre desilusão: “ Não será fácil renunciarmos as nossas ilusões, se não nos conscientizarmos de que a alegria e o sofrimento não estão nos fatos e nas coisas da vida, mas, sim, na forma como a mente os percebe”.

“Mário Quintana”, com sua sabedoria infinita nos diz: “ Amor não é se envolver com a pessoa perfeita, aquela dos nossos sonhos. Não existem príncipes nem princesas. Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também dos seus defeitos. O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser”.

Tania Paupitz de Souza

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